A intenção deste breve artigo é revelar as lições e princípios que estão inerentes em todos os líderes, em especial na pessoa de Winston Churchill. Muito mais do que a importância dos fatores cronológicos e históricos da II Guerra Mundial, está à relevância crucial de um homem que exercendo o papel do líder de uma nação conseguiu dissuadir e vencer um inimigo mais poderoso e perigoso que até o momento nem todos em seu próprio país consideravam como uma verdadeira ameaça, a saber, a Alemanha de Hitler.

Sob a perspectiva ensinada no curso dos principais pontos de um líder estraté- gico, como sendo a visão, alinhamento e mudança, tentaremos analisar as carac- terísticas de Winston Churchill (WC) como líder de uma nação, a semelhança de um verdadeiro triunvirato dos respectivos princípios de liderança, Churchill conseguiu unir em sua personalidade as habilidades militares romanas de Pompeu (apesar de Galípoli), as habilidades com finanças de Crasso (WC foi ministro das finanças) e as habilidades políticas dentro do parlamento britânico, assim como Júlio César perante o senado Romano.

O peso de um líder também pode ser medido pelo exercício da imaginação de retirá-lo dos fatos ocorridos. Indaga-se: O que seria do mundo Ocidental e da Europa sem o líder Churchill? Churchill era o líder certo na hora certa, tendo im- portância fundamental na liderança mundial, causa espanto imaginar a civilização ocidental mergulhada em trevas sob o comando do nazi-facismo e de seu Fuhrer, Adolf Hitler. Provavelmente, Hitler haveria de ter adiantado o ataque à Rússia na operação Barbarossa antes de 1941, sem a Inglaterra oferecer nenhuma preocu- pação e verdadeira dedicação, a Alemanha Nazista haveria de ter conquistado a Rússia e derrotado Stálin, colocando todo foco com a logística e mobilização em direção a Europa, criando um governo nazi-facista com uma única moeda cunha da com o rosto de seu Fuhrer, colocando trilhos de trem da Europa até a Rússia conquistando o coração do mundo.

Sem a liderança de Churchill, um visionário, sabedor de seu destino e um patrio- ta, Heinz Guderian, general de Hitler, teria avançado com seus panzers sobre a Inglaterra, investindo com sucesso contra o povo britânico, parado por ordem de Hitler a 32 km da fronteira da Inglaterra, com receio de um contra- -ataque eficaz por parte dos britânicos, já que os próprios alemães acharam rápido e fácil demais as conquistas, levando Hitler a dar a ordem de parada para evitar possíveis baixas com o contra-ataque britânico. Ora, neste momento a única coisa que impedia os nazistas a avançarem era um único homem, Winston Churchill, que havia alertado toda nação com tenaz ousadia dos perigos da Alemanha Nazista, levando receio ao Fuhrer de um contra-ataque.

Um único homem, havia resistido previamente contra a poderosa Alemanha Na- zista, ao mesmo tempo que o Ministro das Relações Exteriores Lord Halifax sob o Governo de Chamberlain se disponha perigosamente a negociar a paz, tendo como possível consequência o enfraquecimento da esquadra britânica anulando qualquer capacidade de resistência ou revide, soma-se ao fato, o isolacionismo dos EUA tirando-o do cenário, não teria ocorrido o “Dia D” em Normandia.

A força de um líder, foi capaz de levar uma pequena fagulha de dúvida sobre o avanço das tropas da Alemanha Nazista, a fibra de um homem que mobilizou uma nação, prometendo sangue suor e lágrimas, prometendo lutar nas cidades e nas praias custe o que custar, oferecendo sua vida e liderança como sacrifício, prometendo nunca se render, foi capaz de promover o único ponto de inflexão a favor dos futuros Aliados, este ponto nasceu no coração e na mente da liderança de Winston Churchill.

Winston Churchill ganhou o prêmio Nobel de literatura em 1953, pelo seu livro, Memórias da Segunda Guerra Mundial, Ele era profundo conhecedor da língua pátria, apesar de não ter sido bom aluno quando era novo na escola de Harrow, afirmou que enquanto outros alunos progrediam nos estudos do grego e latim, ele por ter de repetir a classe, era tão “burro” que a única coisa que poderia apren- der era a língua inglesa. Introjetando as lições de seu professor de língua inglesa Mr.Somerwell que separava as frases em cores e classificava cada uma conforme a regra inglesa.

Como afirmou atualmente o primeiro ministro britânico Boris Johnson: “Hitler mostrou o mal que podia ser feito usando a arte da retórica. Churchill mostrou como a retórica podia ajudar a salvar a humanidade. Já se disse que a diferença entre os discursos de Hitler e os de Churchill era que Hitler fazia as pessoas pen- sarem que ele era de capaz de qualquer coisa; já Churchill fazia as pessoas pensa- rem que elas eram capazes de fazer qualquer coisa.” (JOHNSON, 2015, Pág 117).

Os discursos de Churchill podem ser equiparados a verdadeiras armas de com- bate, trazendo efeitos como bombas, aglutinando forças e levantando o moral da tropa, construindo e solidificando a imagem de um verdadeiro estadista. Quando assumiu o cargo de primeiro ministro proferiu em 13 de maio de 1940 o famoso discurso que mudou a história: “Sangue, Suor, Trabalho e Lágrimas” sintetizando o que será futuramente exigido de todos, aglutinando todos no esforço de guerra, traçando o cenário desejável e único possível, “É a Vitória, a vitória a todo custo, a vitória a despeito de todo terror..” conquistando a confiança do parlamento para poder governar, demonstrando abnegação e teimosa determinação.

Após a invasão da França, Holanda, Bélgica e Noruega a Inglaterra lutava sozinha na guerra, após o fatídico episódio de retirada de 300 mil homens encurralados no porto de Dunquerque, completamente fragilizada, na Câmara dos comuns da Inglaterra, em 18 de julho de 1940, Churchill afirma: “ este é o melhor momento”! “E saber que se o Império Britânico e a Comunidade britânica durarem mil anos, os homens ainda dirão: este foi seu melhor momento”. Definindo a importân- cia do crucial do momento. Verdadeiro ponto de inflexão na guerra, o ápice da civilização ocidental, unindo na luta pela sobrevivência dos ideais ocidentais da liberdade e democracia, por mais estranho que possa ser o momento. A Real Força Aérea Britânica, teve seu primeiro teste contra a poderosa Luf- twaffe, obtendo estrondosa e inesperada vitória a RAF realiza grandes baixas no inimigo e obtém a improvável primeira vitória, Churchill em 14 de julho de 1940 afirma em seu discurso: “Nunca , no campo do conflito humano, tanto foi devido por tantos a tão poucos”. Conferindo a estes homens de forma humilde todo o mérito da vitória, motivando seus liderados e depositando crédito e confiança para as futuras batalhas.

Em 29 de outubro de 1941, na sua antiga escola Harrow , Churchill profere seu discurso, de “Jamais ceder”! Como afirma o autor Ricardo Sondermann: “ Ao reafirmar a determinação na vitória e que “ a lição é jamais ceder, jamais ceder, jamais, jamais, jamais, jamais…”a ênfase no termo “jamais” (never em inglês) em termos retóricos, proporciona um elemento de força, a partir de sua convicção pessoal, que está sendo transferida para o povo. Ele afirma que que a vitória seria possível. Dias gloriosos estão por vir, é nisto que devem acreditar os ingleses.” (SONDERMANN, 2018, Pág. 380).

Vinte dias após o ataque de Pearl Harbor, Churchill sabia que este era o momento para trazer definitivamente os EUA para ingressar na Guerra, traçado o plano do DIA D, Churchill demonstra entendimento entre os diferentes exércitos e governos, junto com outro excepcional líder, o general Eisenhower dos EUA, determinam que a memória dos fatos do Holocausto jamais deveria ser esque- cida, preservando os campos de concentração. Após a vitória de forma humilde Churchill afirma “a vitória é de vocês” de fato era, a vitória era de toda civilização ocidental, numa guerra de princípios ideológicos também, prevalecendo e preser- vando a liberdade, a democracia e a livre determinação dos povos, em suma, os valores ocidentais.

“Churchill trabalha a emoção do ponto de vista do ethos do orador, sua credibi- lidade se alimenta de suas virtudes, demonstradas a partir da sinceridade, trans- parência e honestidade pessoal, além de sua competência e habilidade de guerra, poder e experiência. Ele se identifica com sua platéia, o povo, os políticos com sua inteligência, admiração que irradia e sua humanidade através, de sentimentos, confissões grandeza espiritual, fraquezas e compaixão.”(SONDERMANN, 2018, Pág. 386).

“Além disso, Churchill sabe exercer a chefia neste momento de crise, ao assumir o papel de guia e comandante, apresentando-se como líder capaz, na hora em que este papel se faz mais imprescindível. Por fim, ele é um homem que se coloca ao lado do povo, ouvindo suas palavras e fazendo-se presente em inúmeras situa- ções, como quando visita as tropas no front, ou as cidades bombardeadas com sua esposa, colocando em prática que a liderança se faz com presença! .”(SON- DERMANN, 2018, Pág. 386).

Churchill tinha uma clara visão de propósito de vida pessoal, demonstrado pelo relato em carta enviada ao filho de Churchill, o SrºRandolf principal biógrafo de seu pai, recebeu o relato por carta de um amigo da escola de Harrow Murland Grasse Evans, conversando sobre o destino de cada um, descreveu detalhada- mente o relato de Churchill até então com 16 anos de idade, quando lhe relatou que : “imensas mudanças vão ocorrer neste mundo tranquilo, grandes revoltas, terríveis lutas, guerras que nem se quer podemos imaginar, e digo-lhe que Lon- dres estará em perigo, Londres será atacada e serei muito importante em sua de- fesa.” Indagado pelo amigo como ele poderia falar aquilo, retrucou: “ Vejo mais além de você, vejo no futuro, de alguma maneira este país será submetido a uma tremenda invasão, por quais meios não sei, mas digo-lhes que estarei no comando das defesas de Londres e salvarei Londres e a Inglaterra do desastre” (SANDYS, 2018, Pág. 36).

Winston Spencer Churchill, apesar de uma relação difícil com seus pais, encon- trou em sua babá e na sua esposa Clementine todo o afeto que lhe foi negado quando na infância por seus pais, talvez por este fato, tenha tido a necessidade de autoafirmar perante a nação inglesa que de modo análogo, precisava ouvir palavras de encorajamento e incentivo em um momento tão difícil da nação, de semelhante modo, como Ele próprio precisava ouvir em sua infância, ele sabia o que era isto, e ninguém melhor do que ele para promover o alinhamento da nação através da demonstração clara em seus homéricos discursos, elevando a nação a sua visão determinada de vitória a todo custo, never,never,never,never surrender! Afirmava Churchill! Introjetando em cada britânico sua visão de vitória.

Por fim, Churchill conseguiu lidar com as circunstância da mudança repentina quando ninguém estava percebendo a necessidade, conseguiu mudar a mentalida- de das tropas antes atemorizadas para vencedoras, apesar das circunstância impôs sua maneira de mudar o cenário da nação para a sua visão de mudança, a mudança que Churchill desejara era que saísse vencedor o modelo de mundo ocidental, um estilo de vida judaico-cristão herdado ao longo dos séculos e testado pelas provas do tempo, um velho mundo pré-homérico e até mesmo pré-cristão, consolidado no Ocidente. “Churchill era radical precisamente porque era conservador. Sabia que a única maneira de manter as coisas como estão é tomar providências para elas mudem, como Edmund Burke afirma, um Estado desprovido dos meios de alguma alteração ou mudança é desprovido dos meios para sua conservação. Churchill compreendeu isto” (JOHNSON, 2015, Pág 117).

Podemos resumir a moral de liderança estratégica pelas próprias palavras de Churchill descritas em suas Memórias da Segunda Guerra Mundial, ganhadora do prêmio Nobel: Na guerra; Determinação, Na derrota; Insurgência, Na vitória; Magnanimidade, Na paz; Boa vontade.

REFERÊNCIAS
JOHNSON, BORIS. O Fator Churchill. Ed planeta. 2015.
SANDYS, Jonathan. Deus e Churchill. Ed. Novo Século, 2018.
SONDERMANN. Ricardo. Churchill e a Eficiência dos discursos. Ed. LVM, 2018.

×